segunda-feira, setembro 08, 2003

universo de um rosto

no limiar
do teu lábio
existe o líquido
para o precipício
de um universo de leite
enquanto falas com o baton
na estrela de um segredo
que queima
o gelo encarnado
e encardido no meu rosto
enquanto contamos aos amigos
mentiras sobre as palavras
e os versos luminosos
existe um límpido perfil
de silêncio em novelos
e pedras eléctricas
que vão chovendo
nas noites
das melodias engrenadas
a escrita de andorinha
não termina
nem quando o corpo deixa
de ser sozinho no prado
nas colheitas do estio
iguaria de fogo

não sei porque corro para o fim
se ele é que vem ter comigo
devagar fora de mim
como um prego
aguçado
e sem
cor
se é
como
tu olhas
para o lado
quando vais
na sala fumegada
e pensas num prado
com o cigarro de outro
lume e pele numa montanha
a morrer num sangue sem som

mas quando te lembras do meu nome
cai uma chuva velha e ferrugenta
e o teu olhar descansa sem
um rebanho de lenha
numa abelha azul
e que me fustiga
a pequena dor
premente
durante
o dia
hoje
e
eu
quero
esquecer tudo
num sonho grácil
que seja transparente
como um ventre místico
de iguaria e especiaria índia
onde nascem plantas com nome
e corredores de portas novas de fogo