quarta-feira, agosto 25, 2004

amorgência

simples sentado
sinto que sim
e sonho com isso
acordado e deitado
sem dormir um segundo
nascido numa margem
de morangos cintilantes
quando o sumo da fome
transmite um corpo
de emergência
nas mulheres labirínticas
dos supermercados

elas desenham figuras
num espaço invisível ao suor
escrevem um tratado
de emergência amor
amorgência
amor
emergência
agora



domingo, agosto 01, 2004

o clima dos teus cabelos

vem ai uma tempestade
na relva do mar
no teu corpo de água
havia um reflexo inquieto
imperdoável

vou em frente em
direção à nuvem branca
numa harpa de temperatura
que se aproxima da noite
um caldo intranquilo
no sonho do fogo

uma piscina de memórias
permite um prisma
de devassidão
no clima
nos teus cabelos

recusas o suor
límpido da busca
labiríntica nos lábios
e a
paisagem transpira
nas montanhas interrogativas
do amor descoberta de cristal
somos todos
um aço ferido
deste animal temperado
e vulcânico