segunda-feira, julho 19, 2004

cor da miragem

a tua
miragem
ela vem entre a
madrugada e a perfurada
alga transparente do coração
vem a passo certo perto
do vento árido do aço
entre a clássica praia
onde a vagina é
temperada com
o vapor da
viagem

uma praia de
pele e espuma

deixo os dedos
em feixe suado
um peixe veludar
numa vibração da
temperatura tranquila

reconheço a silhueta
a minha sombra de punhal
perpendicular ao
desejo delimitado

uma nuvem
de napa vermelho
relembra o
cansaço paralelo
ao amor

quinta-feira, julho 08, 2004

Ritmo de morangos

Olhei um momento pela janela eterna das árvores, pensei que tinha encontrado uma ideia de um sentimento afogado na inocência.

Uma música beje tempera o vulção do teu lábio.

Agora não estás. Um sumo sonoro e clássico distrai o desejo.

Era apenas o meu coração que pensava, enquanto a mente sentia o ritmo aflorado dos teus morangos sobre a minha pele.

Em suma sinto a falta da tua presença. O alimento que o teu perfume penetra lentamente sobre a cinza dos três dias.

A falta de uma alfomada ao lado pode provocar uma tempestade no corpo.

Uma música leve tenta um turbilhão para o teu lábio em falta.

Agora já estás.

Um poema.


terça-feira, julho 06, 2004

As árvores de Sofia

Não compreendo a lágrima que se transporta numa barca pelas ruas da Graça. Quando Sofia tem ainda livros por escrever com os dedos do algodão nas nuvens.

Só faz sentido chorar quem nada fez na aduela da vida ... como choramos a parte que não alcançamos de nós próprios.

Ainda não toquei no perfume que me inibe a tranquilidade.

Sofia é como os livros e os livros são como Sofia, fazem parte de um armário onde apreciamos florir com os sonhos imortais.

Não há lágrimas de acuçar que alimentem os nenúfares esfomeados da leitura, uma sede transparente penetra-se entre os versos da descoberta.

A poetiza não desapareceu ... faz parte do principal cristal do verso.

Uma fotografia num jornal confirma a perpertuidade das árvores que nascem nas páginas de alguns livros.