quinta-feira, fevereiro 19, 2004

Prisma de plasma


Um dia encontrei uma viagem de desenhar o meu coração na música sintética do nevoeiro. E foi um lento salto plasma de pássaro.

Uma alegria precipitava uma miragem tua sobre a água vidrada de prismas.

Foi assim que te conheci num dia de cinema londrino, numa guitarra de incêndio que me penetrou no fumo do silêncio.

O teu nome. Um timbre aproximava as ideias de um planalto e a primavera escreveu uma noite láctea só para que a tua letra caísse na lâmpada das nuvens.

Uma praia de açúcar em dezenas de decibéis.

O teorema contava uma história de planícies, o tempo de tambor que aproxima as veias de planetas de veludo.

Foi assim que te conheci em vícios de manga.


quinta-feira, fevereiro 12, 2004

Na tua assinatura havia um pulmão


Chamei o cavalo da chuva para o mar dos lençóis e encontrei a mão lenta e maravilhosa das chaves misteriosas.

Interior.

Mais um barco que se encontra na planície do teu corpo. Um pardal que anuncia o vulto de um vulcão.

Havia o teu coração numa ilha de areia.

A penumbra da mente é um umbral de escadas, algumas placas de musgo caem em plasma nas pernas dos pensamentos.

Uma cauda de licor faz o tempo aquoso da noite. Gosto de encontrar no declive da espuma os teus olhos.

A lâmina de uma imagem adormece-me no caudal de um rio ferido.

Foi nessa lombada que conheci um nevoeiro em que os meus olhos tremiam. Havia o frio do desconhecido.

Nos braços de um prisma transparente encontro a descoberta de uma relva de veludo.

Há uma fotografia tua que permanece na caligrafia.

Sempre beijei o rastro da tua assinatura.


A vida do nada


Acorda-me das veias do nada que nascem no meu ouro mais ancestral, sobre a porta penumbra do dia encontra-se o fio mágico para a maçaneta musical da vida.

O meu esqueleto marítimo, um lago lusitano perde-se no pelo dorsal do vento, numa página de veludo que tropeça láctea nos degraus dos teus dedos.

Acorda-me a vida do nada.

Dá-me o sangue da miragem válida, as algas plásticas no suplício dos dicionários. Não há livros que definam o sexo líquido do estado em que me encontro.

Toca-me com a margarida da água e acorda-me e dá-me uma vida marginal do nada.

Os cabelos descendentes escondem o corpo do búzio mais tentacular, as cordas da guitarra que ultrapassam a velocidade plasma da tua pintura.

Toca-me um acorde de seda límpida e acorda-me no limbo tórrido.

Se faz favor acorda-me e dá-me uma das estações que mais tenha a luz nova. Ama-me com o fogo musical da praia crepuscular.


domingo, fevereiro 08, 2004

Os segredos nos dedos


Vou perguntar o teu corpo até que o fôlego do destino se perca na margem do desespero, até que me preencha o sol terminal da brandura.

Até que se esgote o sumo quente das viagens implícitas.

O fogo sedoso que a aurora introduz na tua forma tranquila. Segredos e novelos nas encruzilhadas, primaveras que fogem na chuva dos dedos...

Vou perguntar ao jardim das estações quais as sementes para as árvores tropicais, um palco de teatro transporta figurinas de açúcar para o terraço da pele.

E tudo quando a luz labial se aproxima do suor maquinal das aventuras.

Sim...o meu sonho é o laço do presente.

O brilho e a polifonia do teu rosto tântrico, estou ao abrigo de um beijo nómada que se perdeu no comboio lácteo do sol.

Sim...o meu som é um braço do verão.


sexta-feira, fevereiro 06, 2004

O carvão da carne


Quase podia dizer que estás aqui, na prata fria e sonora da noite. Quase sinto a melodia das feridas em champanhe, perdidas no cálice da miragem musical.

Um vinho de água percorre os degraus de um palácio, há brisas nos dedos que anunciam o suor continuamente declinado das abelhas.

Quase lembra a cinza fumegante na lápide das tempestades.

O sorriso vidrado dos olhos alcança o mundo agitado do coração, um milagre desfia-se numa corola de mel que caminha na página para um vulcão.

As sílabas constroem pedras de especiarias numa cama temperada. Que maresias nos ultrapassam no mar ondulado?

Quase me lembro da placenta curvilínea do futuro, e dos planetas húmidos onde o corpo se esgota das ideias e lamparinas.

Um rio de átomos torna presente o plástico marítimo dos lábios. E o carvão da carne vai-se consumindo no vale funicular dos sumos.