A vida do nada
Acorda-me das veias do nada que nascem no meu ouro mais ancestral, sobre a porta penumbra do dia encontra-se o fio mágico para a maçaneta musical da vida.
O meu esqueleto marítimo, um lago lusitano perde-se no pelo dorsal do vento, numa página de veludo que tropeça láctea nos degraus dos teus dedos.
Acorda-me a vida do nada.
Dá-me o sangue da miragem válida, as algas plásticas no suplício dos dicionários. Não há livros que definam o sexo líquido do estado em que me encontro.
Toca-me com a margarida da água e acorda-me e dá-me uma vida marginal do nada.
Os cabelos descendentes escondem o corpo do búzio mais tentacular, as cordas da guitarra que ultrapassam a velocidade plasma da tua pintura.
Toca-me um acorde de seda límpida e acorda-me no limbo tórrido.
Se faz favor acorda-me e dá-me uma das estações que mais tenha a luz nova. Ama-me com o fogo musical da praia crepuscular.
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