quarta-feira, junho 16, 2010

nasce cresce a flora (parte II)

A futura divisão das plantas clássicas que transportamos no corpo é inevitável, uma temperatura de acordo com algum elemento desconhecido ao conhecimento do mundo newtoniano. Mas assim é que nos tornamos mais fortes nos templos de algodão das crianças. Com a bravura blindada tentamos descobrir os campos sem terra viva. Uma árvore que sempre foi um lugar onde interrogar naturezas humanas.
O homem que se pinta quotidianamente, nas páginas do dia maquinalmente feérico, faz caule nos livros em que se estuda a história de líquidos antigamente presentes. Por isso vamos gradualmente deixando de ser sumos verdes de especiarias, passarmos a ser qualquer outro líquido que leiamos onde estávamos por acaso, um pouco antes de sermos mais alguma letra que fosse algo foragido. Uma alga de significante para uma ponte de significado, uma plástica salva de algum elemento importante para viver de forma invertida a morte, uma pintura na plasma da vida.
Plataformas são os nomes dos livros entendidos sobre os assuntos misteriosos das transmissões intermédias, algo sobre algo se passa entretanto nos pássaros que fogem nas palavras proferidas, enquanto a tela não se preenche inteiriça das avenidas percorridas pelo pincel meteórico de néon. Mais um pouco de coração por favor.

sábado, junho 12, 2010

DiVersos Nº7 - Revista semestral de Poesia e Tradução

Na revista semestral de poesia e tradução DiVersos Nº7, cuja imagem está disponível aqui, foram publicados vários poemas do autor do blog Sangue das Palavras Puras.


quinta-feira, junho 10, 2010

Sobre o Mundo Estranho

«Um Mundo Estranho» viaja na tranquilidade desconhecida das tempestades, que aflora na melodia de cada actividade quotidiana. As palavras de Oliverio Macías Álvarez revelam o nevoeiro luminoso que cada beijo pode transportar. Em breve estamos perdidos na descoberta silenciosa das palavras que os pássaros transportam, no céu limpo e estranho que a espuma da viagem transparece. A «estridente nebulosa» é um caminho que se confunde com o sentimento do coração adormecido, e se cristaliza rapidamente na flexibilidade de uma canção, a musicalidade da vida, como passeio mágico que nasce de um novo clima no corpo poético. É fácil perder o sentido lógico da transparência, as portas que estamos habituados a abrir e a fechar continuamente, como ovelhas que seguimos no correr dos dias. Este livro ensina a crescer na diferença, mostra-nos uma pintura original dos sentimentos, que se prolonga na musicalidade das ideias criativas que o autor utiliza com frequência. É fácil não continuar a ler durante as breves folhas que constroem o mundo estranho de Oliverio Macías Álvarez.


domingo, outubro 11, 2009

nasce cresce a flora (parte I)

Em cada dia há um segundo que se manifesta tranquilo num castelo de células, o quotidiano do leite em crescimento. No nascimento da flora sentimental, um pulsão animal guarda o destino que recebe em mandamento difícil do coração. Como uma classificação preliminar da alma que se pretende acrescentar ao dorso rebuliço do sol, todos temos o sémen da clorofila nas palavras do gelo. Somos frágeis como as flores que o vento grita, uma relva crepuscular de crianças é a ebulição carnívora da nossa alegria.

No suor do fogo nascem emergências, benignas e plásticas, algas transparentes de sangue que transfiguram os vidros da vida. Uma lava simples substitui-se à memória branca da tranquilidade multicolor. As estações do tempo tentacular preenchem inicialmente a flecha inocente das sementes, e alimentamo-nos do manto níquel de fome nos olhos coloridos.

Caminhando na estrada simples vamos sendo o sexo dos sentimentos, a tranquila temperatura transmitida pelos nossos pais amnióticos. Entretanto, há uma segurança de fumaça fugidia que avistamos nas nuvens cinzentas das montanhas, uma chuva que se aproxima em flocos de palavras surdas, visualizamos o não sentido, visualizamos um hidrato de carbono mecânico da nossa inteligência húmida. Sentimos que podemos futuramente sentar o corpo numa cadeira de pelo em fúria e apagar as frases entretanto menos escritas, assumindo mais um pouco de feridas descritas na inteligência explosiva.

sábado, agosto 29, 2009

Espaço com Quadro

sentei-me
na ponta da fila de cadeiras
estava o centro do espaço quadrado
uma calma universal
dos oceanos
caminhava no meio
do ruído das meias palavras

encontrei-me
com o teu perfume de praia
estavas
tu eu e tudo
na palma dessa música
um quadro vasto
em quinze minutos
de um espaço quadrado

quero voltar
ao abraço desta cor sentada
e
veloz
levantei-me
na procura do som
da tua pele com ondas

aqui tudo é belo
aqui tudo tem a cor verde
aqui tudo vem som

afinal

encontrei-me
no som da relva
no vento nas tuas vertigens

aqui

sexta-feira, maio 29, 2009

vento de vertigens

copo
a tua boca
cinco estrelas (luminosas)
tal como te tinha dito

cabelos
desde algum tempo
teias de vento
corpo
de pedras vertiginosas
cinco telas de absinto
abertas
velas
sobre o teu
corpo de estrelas
vinco de seda
alertas
telas luminosas
vento de
telas vertigens

sexta-feira, agosto 03, 2007

cadela dos sentidos

sim
quero a tua viagem
quase
sem nuvens de palavras
brancas trespassadas perto
por aqui
no chão do silêncio
o fim da distância de um corredor
metemos no bolso o segredo
e vamos
numa qualquer margem marítima
a cadela dos sentidos a puta não se cala

é assim que passo o dia
quando as folhas estão escritas
as letras bolas de algodão
umas almofadas de alegria
quando o teu peito entra no meu braço
quando o teu prato abre o meu laço de sangue
branco