sexta-feira, fevereiro 06, 2004

O carvão da carne


Quase podia dizer que estás aqui, na prata fria e sonora da noite. Quase sinto a melodia das feridas em champanhe, perdidas no cálice da miragem musical.

Um vinho de água percorre os degraus de um palácio, há brisas nos dedos que anunciam o suor continuamente declinado das abelhas.

Quase lembra a cinza fumegante na lápide das tempestades.

O sorriso vidrado dos olhos alcança o mundo agitado do coração, um milagre desfia-se numa corola de mel que caminha na página para um vulcão.

As sílabas constroem pedras de especiarias numa cama temperada. Que maresias nos ultrapassam no mar ondulado?

Quase me lembro da placenta curvilínea do futuro, e dos planetas húmidos onde o corpo se esgota das ideias e lamparinas.

Um rio de átomos torna presente o plástico marítimo dos lábios. E o carvão da carne vai-se consumindo no vale funicular dos sumos.


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