sexta-feira, janeiro 30, 2004

O rio onde nascem as nêsperas


Quando os braços tinham no carvão os beijos inesperados das nêsperas, ainda me lembro de ti na prata nebulosa das margaridas.

Um vulcão adormecido é atravessado pela platina de pólen, a temperatura nasce nas paredes de neon por onde o corpo passa, ainda me lembro do rio que partiu as pedras de aço.

Mas há sombras nos lugares que ficam com as gotas perfumadas da cinza.

A preliminar nuvem das alegrias desvanece a aparente gordura simplista do gume, ainda me lembro do setembro das raias silenciosas.

Mas há ainda frutos circulares nas grutas húmidas das falácias, o pão saloio dos pensamentos permanece no lume brando das plantas pálidas.

O planeta tépido dos legumes trespassa a cauda vegetal dos cometas, o declive inóspito dos cigarros da alma.


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