sábado, janeiro 10, 2004

O aroma do coração invisível


A tua lava percorre aromaticamente a forma do meu desejo, e aproxima-me de um inverno de gotas labirínticas sem paredes definidas.

Havia uma lápide de licor tua numa planta de um livro quotidiano ... e eu li-te ... foi assim que te encontrei pela primeira vez no meio da minha floresta de sémen.

Hoje encontras-te sentada numa fotografia de algodão e espinhos, há uma imagem topográfica do teu corpo que nasce numa nova artéria.

Eu deixo a alma trespassar o vento até à brancura vegetal de uma criança ... mas na rosa desse caminho de leite nunca vi o trepidar do teu coração.

E não existe nenhum mapa no mundo que me catapulte para essa brandura de aço, o quente diz que o perfume do teu orgão é invisível ao desejo.

Foi por isso que morreste dentro de uma folha de jornal na memória, as gotas de um delfim oceânico disseram que seria sempre assim, dias e não anos.

Em poucos dias as feridas sobre a pele acabaram por se sobrepor à invisibilidade do aroma que vinha perto do teu coração.


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