quinta-feira, janeiro 29, 2004

A bandeira das lagoas


As sementes da planície sentem-se nas curvas da estrada temperada, e a sede criou plantas pulmonares nos lírios que crescem do suor dos lábios.

A tela da tua pele com tinta transparente ainda por pintar.

Uma tempestade de luz branca percorre as pernas, até ao centro das lagoas onde os teus cabelos deixam decisões nos novelos das alcateias.

Por isso andar de barco sobre a espuma da lã me fascina.

O lobo mais marginal no pensamento da carne é um tentáculo de fibras intermináveis, e todos os dias os lodos são ultrapassados pelas enguias vermelhas.

A descoberta que também sou uma parte do sino do dia, uma melodia transporta-me para as algas oxigenadas.

Tu és uma bandeira de fogo que desfralda o mar sobre a neve nítida ... e o gelo descongelado da memória predispõe-se à tempestade oleosa da morte...

Os dois relógios têm as horas da alma alinhadas nas almofadas.

Sempre te amei húmido no suor difícil dos nevoeiros.


Sem comentários: