segunda-feira, janeiro 19, 2004

Sombra simples


Inverto a sensação benigna dos pardais até encontrar a mais fulgurante e sensata perversão que faça algum sentido.

Antes que se feche completamente a porta maresia da minha própria ausência. Antes que as plantas ocultas do incenso construam máscaras irreconhecíveis.

Até eu próprio ter um sentido inverso ou um sentimento que alimente o verso infinito da busca. Gosto dessa vertigem húmida que paira sobre o alterego desconhecido.

Não me conheço em qualquer espelho que tenta imitar o corpo.

Há uma dualidade extrema em todo o vinho interior das palavras. Há uma sensualidade de milho que se prenuncia desses universos incógnitos.

O esgoto da inocência é um mar na margem florestal de uma estrada aritmética do corpo fácil.

Gosto que a água perplexa seja definitiva e um meio caminho para a tranquilidade da lua.

Há dois líquidos de uma extrema solução nas unhas da vida. O eu simples e a sua sombra convexa.



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Inspiração poética no argumento de Sentidos In-versos de Ricardo.

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