Lusitana lápide
Portugal ... quando te encontro é no vulto preliminar da terra, no nevoeiro húmido onde as plantas criam raízes para as tempestades já esquecidas.
Senta-te numa cadeira de pedra, espera pelo gume da morte, que hoje já ninguém conhece o rosto onírico do adamastor.
Deixa o frio ultrapassar devagar o calor do corpo.
Nunca mais vai haver uma tela onde a tua espuma da vitória vai voltar a brilhar, as esculturas das batalhas verdes pertencem ao voo dos pássaros.
A tua estria corporal percorre-me até ao patamar da invisibilidade, leva-me ao planeta onde passamos dos oitenta para os oito anos.
Podemos ver a espada do vento a cantar o silêncio nos campos, o sangue da vontade humana a escrever uma cor lenta na tua bandeira hasteada.
Afinal havia uma lápide lusitana que tinha o meu nome quando nasci. Dantes, quando o mar era secreto ... pensava que era um sonho real que nascia num pranto de uma leitura.
Eu e tu ... devemos ser uma pétala de que deus se esqueceu na pressa da dor.
É melhor assim, posso libertar-me da lápide, experimentar a luminosidade da guitarra no corpo, basta ler algumas palavras do planeta onde se partiam para as glórias.
Esse planeta é um parto português num livro desenhado, havia um homem com um só olho que via com o corpo de todos nós.
Portugal ... não finjas a vida, não sejas como os teus filhos.
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