(homenagem a Sofia de Mello Breyner Andersen)
não compreendo a lágrima
que se transporta numa barca
em ruas pela Graça Lisboa
Sofia tem ainda
livros por escrever com
os dedos algodão das nuvens
chorar é um sentido
presente em quem não fez
aduelas da vida um caminho
o pranto que não ultrapassamos
em latitudes translúcidas
ainda não toquei no perfume
que me inibe a tranquilidade
Sofia é como os livros
e os livros são como Sofia
fazem parte de um armário
onde apreciamos florir
em sonhos imortais
não há lágrimas de acuçar
que alimentem os nenúfares
esfomeados da leitura
uma sede transparente
penetra entre
os versos
descoberta
a poetiza não desapareceu
faz parte do principal
cristal arde
uma fotografia
um jornal
confirma a perpertuidade
das árvores que nascem nas páginas
alguns livros sonhos lidos