segunda-feira, março 01, 2004

As Sombras do Sol


Acordei. Como se não fosse nada, como se fosse tudo na colmeia de degraus que se encontra alegre na praia inocente. Tu.

É assim que te vou semeando de vento numa avenida de imagens eléctricas e esqueléticas. Há dias em que as plantas não deviam ter sofrido nas páginas de sol sombreado.

O homem vai temperando os ossos virgens com sentimentos que as sombras das plantas imitam. Um campo, uma fogueira de fugitivos que transpiram ideias quase líquidas.

Foi assim que beijei a música mística da alma pela primavera vez.

Adormeci. As estações abelhas que se transformam em chapéus de medos olvidados.

Umas pétalas de vinagre são o sexo com as palavras partidas até que o sangue se evapore numa nuvem de sémem cinzento.

Casas de almofadas transpiram para que as pernas e os braços se possam magoar de pássaros e preliminares de neons.

Vou partir num segredo assim que as estradas rios se desvendarem nas pedras do coração cócoras.

Foi assim que me magoei nos vidros sujos de memória seda pela última vez.


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