sábado, abril 03, 2004

O tratado dos trabalhos do homem


O teu pensamento interactivo deixa-me descansado, leva-me pálido na planície de gordura que o nevoeiro foi matando ao longo do tempo.

Leio tudo mas nunca chego a abrir um único livro com a luz branca da morte. As páginas passam por cima das nuvens arejadas.

E os pombos continuam a voar sobre as estátuas sujas de Lisboa.

Neste dia existe uma vela que segura o corpo do mar na minha mão. E todos os trabalhos do homem tentam explicar a invisibilidade do amor numa avenida da vida.

As ruas do Chiado continuam a derramar esse sangue que o castelo português construiu para calar as ondas agitadas.

E ninguém ouve a sombra que as grutas escondem, ninguém verifica o néon que deslumbra a fraqueza dos corações alados.

Eu continuo porque finalmente.

Morri em trabalhos antigos, na língua de aço de um funicular.


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