Os sinos infinitos das árvores feridas
Escrevo para viver, porque já não sinto de outra forma. E assim também posso crescer na retrospectiva das tempestades, nas sombras húmidas da incerteza.
Tenho a sombria sensação de uma viagem Nietzschiana na pele, numa esquina de metamorfoses, onde as cobras de Dezembro se vestem de vermelho.
Ali pergunto-me sobre as grutas secas e urbanas do tempo dos sinos. A multidão das ruas ainda me lembra mais a solidão do Natal.
Natal, o dia em que se nasceu para podermos voltar ao princípio do silêncio.
Mas com o álcool sempre podemos ser alguém de diferente e deixar a música ser-nos um pouco mais ou um pouco menos.
Consoante a distância a que estamos de nós próprios.
Escrevo no fingimento de que existe um vulto dentro de uma árvore infinita, um anel planetário que me coloca cola em ti.
É por isso que não estás. Para a certeza da inocência pintar as feridas com o mel indolente.
Para me lembrar que somos facas, que cortámos todas as laranjas da cidade.
Porque também é assim que a chuva me transporta para dentro de uma palavra. Para que me possas ser. Apenas para estar mais um pouco contigo.
Ainda antes do próximo nascimento.
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