terça-feira, dezembro 02, 2003

A humidade líquida do Homem


O tormento do suor nasce no pico sumarento do desejo.

No quente da cama não há diferença entre a fauna e a flora. A fome das flores percorre a sede dos cactos nos campos. E a velocidade do nosso corpo é indiferente.

É por isso que o Homem não é prata nem bronze. Apenas uma cinza de ouro.

A comida da cor não pertence ao templo que constrói no tempo. O ópio líquido que constitui o livro desconhecido do Homem, o sangue é que tem um nome conhecido.

É por isso que o Homem é uma tentativa.

O Homem é um cinzeiro incolor que se vai matando com os beijos vermelhos dos pássaros. Os pensamentos.

Persegue o arco-íris.

O Homem é à medida que bebe o copo de água que desflora a vida. O sentido dos sentimentos limitam a existência sanguínea.

As tentações terminam na cor das rosas. E há um tempo em que as pétalas deixam de ter a melancolia musical do veludo.

É por isso que o Homem é uma definição do corpo comido pelas bactérias.

É por isso que não vive completo nem morre repleto. A Natureza esgota-se nesse destino fácil do corpo, o Homem.

Mas Deus não.


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