A viagem na ferocidade musical do felatio
A nós que ainda estamos vivos, todas nos mamam, por isso ainda gostamos de viajar no rio das pérolas sobre o lábio, para se construir rapidamente as ondas do oceano.
Às vezes esquecemo-nos que os livros são a pele seca e crepuscular do homem, e que as páginas são erguidas nas pontes para a maresia.
Mas a verdadeira melodia do mar encontra-se na calçada onde os cabelos tocam no sexo, e escrevem uma viagem com os dedos das flores.
A fúria nasce na calçada das cabeças herbáceas e movimentadas. E as árvores nascem luminosas na praia dos lábios.
Tentamos encontrar a ferocidade demográfica do desejo, mas somos diminuidos pela fome plasmática que o coração bombeia.
Mas deixamos lentamente de sentir os espinhos que a morte do sol implantou sobre os lençois. E como apreciamos o som lírio dos pulmões.
Viajamos para nos separarmos da humidade da terra e tocarmos na névoa das nuvens, para podermos encontrar a invisibilidade das mullheres.
Elas são a ferocidade do algodão no felatio. Elas deixam as árvores conversar no looping transversal do corpo.
sábado, dezembro 27, 2003
sexta-feira, dezembro 26, 2003
Porque que é que as crianças morrem
São de criança esses olhos cinzentos de vidro azul, são pedras de água que ainda não viram a cinza vermelha e sintética do homem.
São a alma ainda sem o vulto sonolento da cortiça, sem a mentira do corpo que procura a poeira da terra, para esconder a crueldade na inocência.
São de uma beje pintura marítima, que emprestam a pureza de deus ao mundo. Tudo se presta a arder no cinzeiro onde os corpos fazem o fogo.
Estiveram no meu colo milímetros brancos de criança, que agora se desfazem no lume brando e seco das palavras tentaculares.
Gosto de observar a lava das letras a borbulhar no sentido dos pensamentos.
É assim que nos matamos, com as lápides que sonhamos no nevoeiro. E dizemos às crianças que a emergência das sombras são nos cartoons.
Sofremos tanto que gostamos. Fumegamos o lume tépido da lua em todos os olhos cinzentos de vidro azul.
Para que as crianças nos igualem e possam também morrer. Para que sejam a espuma da clorofila. Para que sejam a seiva das plantas.
São de criança esses olhos cinzentos de vidro azul, são pedras de água que ainda não viram a cinza vermelha e sintética do homem.
São a alma ainda sem o vulto sonolento da cortiça, sem a mentira do corpo que procura a poeira da terra, para esconder a crueldade na inocência.
São de uma beje pintura marítima, que emprestam a pureza de deus ao mundo. Tudo se presta a arder no cinzeiro onde os corpos fazem o fogo.
Estiveram no meu colo milímetros brancos de criança, que agora se desfazem no lume brando e seco das palavras tentaculares.
Gosto de observar a lava das letras a borbulhar no sentido dos pensamentos.
É assim que nos matamos, com as lápides que sonhamos no nevoeiro. E dizemos às crianças que a emergência das sombras são nos cartoons.
Sofremos tanto que gostamos. Fumegamos o lume tépido da lua em todos os olhos cinzentos de vidro azul.
Para que as crianças nos igualem e possam também morrer. Para que sejam a espuma da clorofila. Para que sejam a seiva das plantas.
quarta-feira, dezembro 24, 2003
O vulto da espuma indómita
Sou um corpo que se perde no pão cruel da noite.
O gelo preenche-me quando me sinto parte de algo, há uma penumbra inevitável que me aproxima de uma montanha prismática.
E continuo a não fingir o amor que se propaga entre os animais.
Quando passam por mim pessoas lembro-me do poema inexistente. Lembro-me de uma pátria de granito azul, acente em fios de espada.
Lembro-me de uma mensagem, de uma pessoa. Continuamos a sofrer o mar dentro de uma dezena líquida de letras.
Quando voam esses sonhos da caravela, há uma lápide medicinal que me apazigua, um desejo que um livro lido e esquecido me transmitiu numa lágrima.
A vontade do corpo distrai-me, mas continuo a chorar a sombra da morte no teu sorriso.
Quando for uma criança vou desenhar uma página de terra branca, só para que o teu nome a preencha com uma planta florida.
Lembro-me de um império de sal doce. Continuamos a imaginar a pele dos castelos na cinza da espuma.
E vamos ardendo na vela fecunda das bibliotecas.
Sou um corpo que se perde no pão cruel da noite.
O gelo preenche-me quando me sinto parte de algo, há uma penumbra inevitável que me aproxima de uma montanha prismática.
E continuo a não fingir o amor que se propaga entre os animais.
Quando passam por mim pessoas lembro-me do poema inexistente. Lembro-me de uma pátria de granito azul, acente em fios de espada.
Lembro-me de uma mensagem, de uma pessoa. Continuamos a sofrer o mar dentro de uma dezena líquida de letras.
Quando voam esses sonhos da caravela, há uma lápide medicinal que me apazigua, um desejo que um livro lido e esquecido me transmitiu numa lágrima.
A vontade do corpo distrai-me, mas continuo a chorar a sombra da morte no teu sorriso.
Quando for uma criança vou desenhar uma página de terra branca, só para que o teu nome a preencha com uma planta florida.
Lembro-me de um império de sal doce. Continuamos a imaginar a pele dos castelos na cinza da espuma.
E vamos ardendo na vela fecunda das bibliotecas.
segunda-feira, dezembro 22, 2003
Os sinos infinitos das árvores feridas
Escrevo para viver, porque já não sinto de outra forma. E assim também posso crescer na retrospectiva das tempestades, nas sombras húmidas da incerteza.
Tenho a sombria sensação de uma viagem Nietzschiana na pele, numa esquina de metamorfoses, onde as cobras de Dezembro se vestem de vermelho.
Ali pergunto-me sobre as grutas secas e urbanas do tempo dos sinos. A multidão das ruas ainda me lembra mais a solidão do Natal.
Natal, o dia em que se nasceu para podermos voltar ao princípio do silêncio.
Mas com o álcool sempre podemos ser alguém de diferente e deixar a música ser-nos um pouco mais ou um pouco menos.
Consoante a distância a que estamos de nós próprios.
Escrevo no fingimento de que existe um vulto dentro de uma árvore infinita, um anel planetário que me coloca cola em ti.
É por isso que não estás. Para a certeza da inocência pintar as feridas com o mel indolente.
Para me lembrar que somos facas, que cortámos todas as laranjas da cidade.
Porque também é assim que a chuva me transporta para dentro de uma palavra. Para que me possas ser. Apenas para estar mais um pouco contigo.
Ainda antes do próximo nascimento.
Escrevo para viver, porque já não sinto de outra forma. E assim também posso crescer na retrospectiva das tempestades, nas sombras húmidas da incerteza.
Tenho a sombria sensação de uma viagem Nietzschiana na pele, numa esquina de metamorfoses, onde as cobras de Dezembro se vestem de vermelho.
Ali pergunto-me sobre as grutas secas e urbanas do tempo dos sinos. A multidão das ruas ainda me lembra mais a solidão do Natal.
Natal, o dia em que se nasceu para podermos voltar ao princípio do silêncio.
Mas com o álcool sempre podemos ser alguém de diferente e deixar a música ser-nos um pouco mais ou um pouco menos.
Consoante a distância a que estamos de nós próprios.
Escrevo no fingimento de que existe um vulto dentro de uma árvore infinita, um anel planetário que me coloca cola em ti.
É por isso que não estás. Para a certeza da inocência pintar as feridas com o mel indolente.
Para me lembrar que somos facas, que cortámos todas as laranjas da cidade.
Porque também é assim que a chuva me transporta para dentro de uma palavra. Para que me possas ser. Apenas para estar mais um pouco contigo.
Ainda antes do próximo nascimento.
quinta-feira, dezembro 18, 2003
A aventura atmosférica do amor de Pipukus
Pipukus morreu, porque tentou viver. Deixou o sangue do abismo misturar-se com o sémem em cima da memória.
A dança marginal das mãos que se afogam nas pétalas. Os teus cabelos deixam até perceber que o amor também morreu.
Trata-se apenas de um passeio do sexo pela estratosfera dos sentidos. Até que as hormonas também desapareçam e a solicitude febril do corpo pergunte novamente por ti.
E tenha de procurar a sede dos olhos mais parecidos com os teus. O perfume mais próximo da lava.
Pipukus nasceu, porque encontrou a imagem de um império de desejo.
Porque fez a célere penetração das ideias num algodão preto de amor. Porque te fodeu até a lágrima morrer, também num sorriso de uma lâmina fácil.
Encontra nas árvores o voo ácido dos pássaros, o beijo que procurava.
Pipukus está em suor, porque tentou sonhar. Pensou a faca de veludo do sentimento sobre as algas do segredo.
Existe um lago vermelho com a cor negra e secreta da carne.
Pipukus morreu, porque tentou viver. Deixou o sangue do abismo misturar-se com o sémem em cima da memória.
A dança marginal das mãos que se afogam nas pétalas. Os teus cabelos deixam até perceber que o amor também morreu.
Trata-se apenas de um passeio do sexo pela estratosfera dos sentidos. Até que as hormonas também desapareçam e a solicitude febril do corpo pergunte novamente por ti.
E tenha de procurar a sede dos olhos mais parecidos com os teus. O perfume mais próximo da lava.
Pipukus nasceu, porque encontrou a imagem de um império de desejo.
Porque fez a célere penetração das ideias num algodão preto de amor. Porque te fodeu até a lágrima morrer, também num sorriso de uma lâmina fácil.
Encontra nas árvores o voo ácido dos pássaros, o beijo que procurava.
Pipukus está em suor, porque tentou sonhar. Pensou a faca de veludo do sentimento sobre as algas do segredo.
Existe um lago vermelho com a cor negra e secreta da carne.
segunda-feira, dezembro 08, 2003
A Dias dados sobre o oceano azulíneo
O livro que tem mais únicas páginas, em cada falésia verde que se debruça, uma curva deslumbra-se no suspiro da página.
Uma sílaba brilhante palpita no som de cada letra, mas o teu nome já não tem segredos marginais para mim, apenas sorrisos de marmelada.
Empresto-te o leve sussurro do coração, para que sobre ele incidam os toques polifónicos que me procuram, o abismo de amor que se liquefaz no teu telemóvel.
Para que eu morra feliz e melódico na memória que deu um passo em direcção a ti. Pudesse eu acompanhar os trilhos do vento.
Chove a lama dos vidros sobre a humidade da alma, os corpos separam-se mas os olhos continuam a encontrar-se na lava simples do sol.
Naquele tempo em que o corpo está desassossegado.
O livro que tem mais únicas páginas, em cada falésia verde que se debruça, uma curva deslumbra-se no suspiro da página.
Uma sílaba brilhante palpita no som de cada letra, mas o teu nome já não tem segredos marginais para mim, apenas sorrisos de marmelada.
Empresto-te o leve sussurro do coração, para que sobre ele incidam os toques polifónicos que me procuram, o abismo de amor que se liquefaz no teu telemóvel.
Para que eu morra feliz e melódico na memória que deu um passo em direcção a ti. Pudesse eu acompanhar os trilhos do vento.
Chove a lama dos vidros sobre a humidade da alma, os corpos separam-se mas os olhos continuam a encontrar-se na lava simples do sol.
Naquele tempo em que o corpo está desassossegado.
sexta-feira, dezembro 05, 2003
O suor ancestral dos corpos lusos
A fome da espada é o nosso maior náufrago, um dia houve em que a caravela foi o próprio crepúsculo da vontade.
A nossa branca nau encontra-se desnuda.
No intervalo dos Dez Cantos à Mensagem apenas sobreviveu a poeira seca e intrépida da poesia.
Tudo o resto é o líquido da lágrima que o próprio verso canta.
A lástima da língua que emerge ainda em cada africano. O que nos deixou de ser nunca mais foi de ninguém. A sombra adquiriu-se ao vulto.
África nasce dessa misteriosa miséria lusitana, da espuma do esquecimento que cobre a auréola luminosa das praias.
Essas dunas soltas que ainda procuram as velas no céu da paisagem.
As velas hoje celas da cidade que Cristo abraça sobre as sete colinas.
Mas a nuvem atravessa indiferente ao sonho sanguíneo de Lisboa. O algodão não é senão algodão, e não se importa com o suor ancestral dos corpos.
Deus deu-nos o intestino do destino, o alimento da vertigem que se segue ao feito da descoberta.
A fome da espada é o nosso maior náufrago, um dia houve em que a caravela foi o próprio crepúsculo da vontade.
A nossa branca nau encontra-se desnuda.
No intervalo dos Dez Cantos à Mensagem apenas sobreviveu a poeira seca e intrépida da poesia.
Tudo o resto é o líquido da lágrima que o próprio verso canta.
A lástima da língua que emerge ainda em cada africano. O que nos deixou de ser nunca mais foi de ninguém. A sombra adquiriu-se ao vulto.
África nasce dessa misteriosa miséria lusitana, da espuma do esquecimento que cobre a auréola luminosa das praias.
Essas dunas soltas que ainda procuram as velas no céu da paisagem.
As velas hoje celas da cidade que Cristo abraça sobre as sete colinas.
Mas a nuvem atravessa indiferente ao sonho sanguíneo de Lisboa. O algodão não é senão algodão, e não se importa com o suor ancestral dos corpos.
Deus deu-nos o intestino do destino, o alimento da vertigem que se segue ao feito da descoberta.
quarta-feira, dezembro 03, 2003
A alegre vertigem eléctrica que deixaste
Gosto que sejas impossível, uma guitarra ecléctica há-de cantar para sempre essa ponte metálica que nos separa.
Uma flor do fruto sobe pelo teu rosto até ao abismo secreto do lábio. A minha deambulação é vária e contrária.
Gosto do sumo que vejo outros beberem no meio do deserto.
Outros que não têm a gota nebulosa do nevoeiro a trespassar o coração. Outras vidas há em que a serpente do beijo tem apenas queijo e não pensamento.
Eu que não tenho desertos ao pé de ti. Eu que não tenho a certeza das montanhas.
Gosto do marfim de veludo sobre o teu cabelo, uma música que interpreta a amnésia da alma sobre essa falésia negra.
Eu que não tenho declives de aço ao pé de ti. Eu que só tenho o mistério malmequer do desejo concreto para te oferecer.
Um lençol húmido separa-se do cheiro do teu corpo, uma qualquer máquina marítima vai matar a vertigem que deixaste no labirinto da pele.
Vou acabar por gostar que sejas invisível, o teu alegre reflexo revela-se na areia sólida do tempo que morre.
Gosto que sejas impossível, uma guitarra ecléctica há-de cantar para sempre essa ponte metálica que nos separa.
Uma flor do fruto sobe pelo teu rosto até ao abismo secreto do lábio. A minha deambulação é vária e contrária.
Gosto do sumo que vejo outros beberem no meio do deserto.
Outros que não têm a gota nebulosa do nevoeiro a trespassar o coração. Outras vidas há em que a serpente do beijo tem apenas queijo e não pensamento.
Eu que não tenho desertos ao pé de ti. Eu que não tenho a certeza das montanhas.
Gosto do marfim de veludo sobre o teu cabelo, uma música que interpreta a amnésia da alma sobre essa falésia negra.
Eu que não tenho declives de aço ao pé de ti. Eu que só tenho o mistério malmequer do desejo concreto para te oferecer.
Um lençol húmido separa-se do cheiro do teu corpo, uma qualquer máquina marítima vai matar a vertigem que deixaste no labirinto da pele.
Vou acabar por gostar que sejas invisível, o teu alegre reflexo revela-se na areia sólida do tempo que morre.
terça-feira, dezembro 02, 2003
A humidade líquida do Homem
O tormento do suor nasce no pico sumarento do desejo.
No quente da cama não há diferença entre a fauna e a flora. A fome das flores percorre a sede dos cactos nos campos. E a velocidade do nosso corpo é indiferente.
É por isso que o Homem não é prata nem bronze. Apenas uma cinza de ouro.
A comida da cor não pertence ao templo que constrói no tempo. O ópio líquido que constitui o livro desconhecido do Homem, o sangue é que tem um nome conhecido.
É por isso que o Homem é uma tentativa.
O Homem é um cinzeiro incolor que se vai matando com os beijos vermelhos dos pássaros. Os pensamentos.
Persegue o arco-íris.
O Homem é à medida que bebe o copo de água que desflora a vida. O sentido dos sentimentos limitam a existência sanguínea.
As tentações terminam na cor das rosas. E há um tempo em que as pétalas deixam de ter a melancolia musical do veludo.
É por isso que o Homem é uma definição do corpo comido pelas bactérias.
É por isso que não vive completo nem morre repleto. A Natureza esgota-se nesse destino fácil do corpo, o Homem.
Mas Deus não.
O tormento do suor nasce no pico sumarento do desejo.
No quente da cama não há diferença entre a fauna e a flora. A fome das flores percorre a sede dos cactos nos campos. E a velocidade do nosso corpo é indiferente.
É por isso que o Homem não é prata nem bronze. Apenas uma cinza de ouro.
A comida da cor não pertence ao templo que constrói no tempo. O ópio líquido que constitui o livro desconhecido do Homem, o sangue é que tem um nome conhecido.
É por isso que o Homem é uma tentativa.
O Homem é um cinzeiro incolor que se vai matando com os beijos vermelhos dos pássaros. Os pensamentos.
Persegue o arco-íris.
O Homem é à medida que bebe o copo de água que desflora a vida. O sentido dos sentimentos limitam a existência sanguínea.
As tentações terminam na cor das rosas. E há um tempo em que as pétalas deixam de ter a melancolia musical do veludo.
É por isso que o Homem é uma definição do corpo comido pelas bactérias.
É por isso que não vive completo nem morre repleto. A Natureza esgota-se nesse destino fácil do corpo, o Homem.
Mas Deus não.
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