terça-feira, novembro 11, 2003

Há lágrimas que são sorrisos


O teu corpo de desassossego estende a mão de lava sobre a vida da noite, um universo que se transforma numa vertigem de creme repentina.

A tua mão tranquila mas prolongada, suave mas demorada, não deixa a lua morrer no berço das estrelas, numa luz lápide do ar.

Porque há uma viagem sobre a tua pele que ainda não me pertence.

Há um leite que se mistura no sangue e não me deixa descansar esta noite. Uma semente que origina árvores daltónicas, que matam a preguiça pesada dos sentimentos.

O suor de algumas palavras nasce sobre o leve umbral do vulcão, lembra-me porque é que os lençóis não têm quente além do pensamento.

Mas algures na memória do futuro há um vulto de estrelas que se origina, há qualquer lágrima de ti que se transforma num sorriso.

Há um doce vinho de loucura sobre a mesa. Há um pouco de vida que se guarda como um tesouro prismático.

Há sexo que não se explica com a fricção da pele.


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