sábado, novembro 01, 2003

Os papiros de clorofila

Perdi-me nas páginas áridas, em mãos rosadas de leite marítimo, onde o vento junta os braços das letras pretas. Perto navegava um nome arqueado. A tua pele.

Os papiros, tinha-os guardados numa parede de lava, pálida e agreste sobre a montanha. Perdi-os. Perdi o meu nome de vidro no plâncton arenoso das ideologias.

Não distingo as lágrimas do suor vermelho das alquimias, o fumo clorofila dos beijos brancos. Onde está a tua casa que escrevia escadas de água?

Uma alma de álcool vagueia no sorriso, ondas desconhecidas nos lençóis de acetona, existe ainda um cruzamento de estuque cinzento, onde os momentos constroem os pilares das histórias, os berços almofadados e ortogonais dos livros.

Os papiros que escrevi sobre o quente que emana do teu corpo. Os papiros de clorofila.

Vou escrevê-los novamente numa prata, oculto das pedras escorregadias da memória.

O pulmão de sentidos desperta lentamente na humidade láctea do silêncio, onde tu penetras na plenitude, no prisma sólido dos segredos.

Somos os papiros secretos de clorofila.



Sem comentários: