quinta-feira, novembro 27, 2003

A semente


A minha verdadeira relação é com o pulmão da vida.

A minha verdadeira profissão é nunca ser completamente coração de nada. É ser apenas um pouco parte de cada gota da paisagem.

Apenas ser um pouco garagem da pintura, as manchas musicais das mulheres que rasgam a tela espumosa do silêncio.

E o sino de incenso delas é uma paisagem, é uma viagem dos dedos pela memória, uma aragem surda de cocktails que valem o dia.

Alguns tempos com água das alegrias. Alguns momentos que pararam o sentido do relógio no corpo. O corpo que eu gostava que tu germinasses.

O segredo da relva sentimental está em cada dia ser o esgoto invisível do dia anterior. E não deixar que me aperceba das tempestades.

E irmos deixando os campos cultivados perto das palavras. Pode ser que um dia possas colher um desses frutos. Pode ser que um dia deixe uma semente minha no teu lábio.

Pode ser que um dia a minha verdadeira profissão seja ser completamente o teu coração.


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