O cinema de sentimentos
A brisa que arranha os olhos límpidos das letras é fria. A alma de lava preta deixa um ferida prolongada na eminência da noite.
O rio lúcido de algas estremece numa sombra do sol.
As cores de um quadro de Klee relembra-me que afinal ainda existo. Afinal ainda penso. Afinal ainda estás aqui.
Afinal sou. Ainda alguns traços de um desenho de palavras, irrequietos, como os dedos que percorrem o suor do tempo. Esta ponte que lês.
Comida cinzenta.
Algumas pedras com o sabor líquido da ausência preenchida. A chuva de som incolor escreve na pele árida, um cinema de sentimentos, um pouco de tinta na margem pictórica da memória.
O relógio que se partiu em sorrisos. Afinal não eram vidros, o cinema.
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